Fez há muito pouco tempo um ano (...)

Fez há muito pouco tempo um ano, um ano que tudo aquilo aconteceu. Posso dizer que foi um dos piores anos da minha vida.
Aprendi muito, aprendi a ser forte e aprendi a ser adulta. Sabem como tenho a certeza que estou adulta? porque ao ver o estado do meu pai, ao vê-lo tão magro, tão fraco e para ver melhor sem pedir, a minha mãe tirou-lhe a manta e eu vi, eu vi aquelas pernas se é que podemos chamar de pernas. Estavam tão magras era simplesmente pele e osso e eu so queria ir-me embora desaparecer mas nao, fiquei lá sem deitar uma única lágrima. E tu só querias sair daquela cama, estavas amarrado porque nao conseguias andar e mesmo assim nao tinhas consciencia e então dizias que ias a casa de banho sozinho e nós a dizer que chamavamos a enfermeira e tu ali a continuar a dizer que ias a casa de banho sozinho. Caiste tantas vezes, e mesmo assim nao te apercebias que nao conseguias andar.
Mas sabem o que custou mais? foi ter saudades daquele meu pai de antigamente, ele conhecia-me tão bem, compreendia-me num simples olhar e agora? onde está aquele pai que me conhecia como ninguém, aquele pai que dançava e ria comigo a toda a hora, onde ele está, onde?!
Ninguém consegue perceber a dor que sinto, a dor de ver o dia dos meus anos a aproximar-se. Pois no dia dos meus anos do ano passado, foi simplesmente o pior. O meu pai, ligava-me sempre a dizer parabéns que tinhamos de ir almoçar ou jantar e aquilo para mim era simplesmente otimo, so de ir passar um tempo com ele, umas horas a rir e a conversar das suas "aventuras"era maravilhoso. Pode parecer pouco para toda a gente, mas para mim era simplesmente o suficiente, era uma das melhores prendas de sempre.
Mas no dia 18-06-2011 acordei contente, a pensar que ele me iria ligar, mas nao, nao ligou. Não me disse uma única palavra e isso afetou-me tanto que começei a pensar em tudo, no porquê de nao se lembrar do dia dos meus anos, de nao se lembrar de dizer-me uma unica palavra. Eu continuo a dizer, o caminho que ele levou nao é desculpa por ter se esquecido do dia do meu nascimento, nao é!
Agora diz-me, achas que o mundo da bebida, das drogas tiravam-te do desemprego, achas? ó pai, estragaste a tua vida, estragaste um dos meus sonhos. Eu esperava tanto de ti, esperava rir-me mais, esperava chorar mais no teu colinho. Ó pai, volta a ser o que eras, volta a ser aquele pai que ia atrás de mim sempre que me escondia e para me achares dizias "princesa, olha que a avó foi buscar o teu vestido de noiva, vem cá ve-lo" e eu ia, feita menina parva. Pai, tenho saudades do teu colinho, saudades da avó gritar conosco por estarmos a por a música muito alta e a dançar aquela musica do tubarão ahaha, que saudades!
Pai, um ano desde que tudo aconteceu e que a nossa relação mudou.